ROMA - A Itália vai injetar € 3,6 bilhões (R$ 17,8 bilhões) em sua economia para mitigar os impactos do maior surto de coronavírus da Europa, informou neste domingo o ministro da Economia, Roberto Gualtieri. A medida foi anunciada após o número de pessoas contaminadas pela doença no país ter crescido mais de cinco vezes em apenas seis dias e depois de a epidemia ter provocado a pior semana para as Bolsas globais desde o início da recessão de 2008.
O montante equivale a 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) italiano, ressaltou Gualtieri ao jornal La Repubblica, acrescentando que a injeção se soma aos € 900 milhões de um pacote de ajuda às regiões mais afetadas, anunciado na sexta-feira.
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Gualtieri afirmou que o novo projeto incluiria créditos tributários para empresas que registrassem uma queda de 25% nas receitas, reduções de impostos e financiamentos adicionais para o serviço de saúde. O ministro da Economia disse ainda que está confiante de que a União Europeia (UE) aprovará o aumento proposto na meta oficial de déficit da Itália, acrescentando que os ministros do Eurogrupo conversariam durante a semana por telefone sobre a situação.
- Quero tranquilizar os italianos dizendo que estamos bem cientes dos problemas e riscos - disse Gualtieri, acrescentando que, se for necessária uma ajuda adicional, ela terá que ser decidida a nível europeu.
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Antes de a epidemia se espalhar pelo país, a Itália já estava à beira de uma recessão. Neste domingo, em entrevista ao jornal Il Fatto Quotidiano, o primeiro ministro italiano, Giuseppe Conte, afirmou que a Terceira maior economia da zona do euro precisa de uma "terapia de choque."
Casos brasileiros vieram da Itália
O número de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus na Itália cresceu mais de cinco vezes em menos de uma semana. O país tinha 322 casos na última terça-feira — data em que o primeiro caso foi confirmado no Brasil — e passou para 1.694 neste domingo.
Os dois casos do Brasil vieram da Itália. Em 2019, mais de 300 mil pessoas desembarcaram nos aeroportos brasileiros em vôos que saíram do país europeu.
O mundo assistiu, nos últimos dias, o número de casos e mortos triplicarem fora da China — passaram, respectivamente, de 2.203 e 42 para 7.603 e 123 — nos últimos cinco dias.
Nesse mesmo intervalo de tempo, 25 novos países, como o Brasil, entraram na lista das nações que apresentam pelo menos um caso do Covid-19.
O Irã é atualmente o país com a maior velocidade de novos casos no mundo: passou de 95, na terça, para 978, no domingo. França e Alemanha também apresentam acelerada proliferação de casos, mas ainda num patamar relativamente pequeno. O primeiro saiu de 14 para 100 casos; o segundo, de 17 para 117.