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Por G1


O cientista chinês He Jiankui afirma ter ajudado a criar os primeiros bebês geneticamente modificados no mundo. — Foto: Mark Schiefelbein (AP)

Em novembro de 2018, o pesquisador He Jiankui anunciou que usou o Crispr – técnica de edição genética – para modificar o DNA de gêmeos e torná-los resistentes à infecção pelo HIV. Um novo artigo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), assinado por Antonio Regalado, relaciona as mudanças nos genes com uma nova pesquisa publicada nesta quinta-feira (21) e mostra que os bebês podem também ter uma maior capacidade de aprender e formar memórias.

Regalado também é autor de um texto publicado em 25 de novembro que revelou a edição do DNA dos bebês na China. Agora, ele diz que a parte editada do código das gêmeas Lulu e Nana pode influenciar na cognição e memória, além da resistência ao vírus da Aids.

A mesma alteração introduzida no DNA das meninas, em um gene chamado CCR5, é alvo de uma nova pesquisa publicada na revista científica "Cell". O estudo aponta que essa alteração tornou ratos mais inteligentes, e melhorou a recuperação do cérebro após um AVC.

Em entrevista a Regalado, o neurobiólogo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, Alcino J. Silva, disse que a edição do CCR5 provavelmente afetou o cérebro das gêmeas.

"A interpretação mais simples é que essas mutações provavelmente terão um impacto na função cognitiva dos bebês", disse Silva. Ele também avalia que o efeito exato sobre o cérebro das meninas é impossível de prever e é justamente por isso que a edição de DNA em humanos não deve ser feita.

O Crispr é uma técnica de edição de DNA que ainda está sendo analisada e em constante publicação nas revistas. Por ser uma saída barata para a edição do código genético, a comunidade científica acendeu o sinal vermelho: nos devemos editar o DNA humano? É ético e seguro?

As respostas para essas perguntas ainda não estão prontas. Por isso, o chinês que criou os bebês modificados geneticamente foi demitido da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, local onde realizava as pesquisas. Ele chegou a ficar desaparecido por um tempo, mas foi encontrado preso em um apartamento no início deste ano, de acordo com o "The New York Times".

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