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EUA fecham acordo de quase US$ 2 bilhões para 100 milhões de doses de vacina da Pfizer e BioNTech

Investimento em potencial imunização contra a Covid-19 é o maior já feito pela Casa Branca, com opção para 500 milhões de doses adicionais
Logo da Pfizer em uma tela na Bolsa de Nova York Foto: Richard Drew / AP
Logo da Pfizer em uma tela na Bolsa de Nova York Foto: Richard Drew / AP

WASHINGTON — A Pfizer Inc e a empresa de biotecnologia alemã BioNTech SE fecharam um acordo de US$ 1,95 bilhão (R$ 9,9 bilhões) com o governo dos Estados Unidos para produzir e entregar 100 milhões de doses da vacina BNT162, uma das candidatas contra a Covid-19. O anúncio foi feito pelas empresas nesta quarta-feira. A fórmula recebeu ontem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser testada no Brasil .

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O acordo ainda permite ao governo norte-americano obter 500 milhões de doses adicionais, totalizando 600 milhões de doses, anunciaram o Departamento de Saúde e Serviços Humanos e o Departamento da Defesa. Na última segunda-feira, a Pfizer e a BioNTech também fecharam um acordo com o Reino Unido assegurando a entrega de 30 milhões de doses para o país europeu.

Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa na noite desta quarta-feira, a Pfizer afirmou que o governo americano não comprará todas as doses que serão produzidas em 2020. A estimativa do laboratório é de produzir 1,3 bilhão de doses entre 2020 e 2021. "A companhia está em contato com os governos de todo o mundo, incluindo o Brasil, para disponibilizar sua futura vacina à população", disse no comunicado.

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Em ambos os casos, a entrega e o pagamento serão condicionais: os EUA, por exemplo, só pagarão pelas vacinas caso elas se demonstrem eficazes e sejam autorizadas pela Food and Drug Administration (FDA), equivalente à Anvisa no Brasil. Os acordos com os governos americano e britânico superam a capacidade total de produção prevista para 2020, de 100 milhões de doses.

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Isso significa que, mesmo se a vacina tiver sua eficácia comprovada antes do fim do ano — hipótese encarada com ceticismo e cautela por parte de especialistas — e sua utilização aprovada pelas reguladoras dos dois países, a meta só deve ser completada em 2021. O governo dos EUA e as duas companhias informaram que as vacinas serão fornecidas gratuitamente à população americana mediante a aprovação da FDA.

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Negociações em aberto

Além disso, as duas empresas anunciaram hoje que há negociações similares em aberto com outros governos. O acordo se diferencia dos últimos investimentos da Casa Branca na chamada Operation Warp Speed, ou "Operação Dobra Espacial", um programa conjunto do Departamento de Saúde e Serviços Humanos e do Departamento da Defesa americano para acelerar o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e diagnósticos de coronavírus. É o valor mais alto do programa até o momento.

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Antes, o governo de Donald Trump gastou bilhões de dólares no desenvolvimento e na aquisição de uma vacina em potencial de diferentes companhias como a Moderna, a AstraZeneca e a Johnson & Johnson. Agora, Pfizer e Biontech dependem da garantia de imunização contra o coronavírus Sars-CoV-2 para receberem o dinheiro. As empresas disseram que acreditam estar prontas para receber algum tipo de aprovação regulatória já em outubro, se os estudos em andamento tiverem sucesso.

A candidata a vacina da Pfizer e da BioNTech está entre as que serão submetidas a um teste de larga escala. A vacina se mostrou promissora em pequenos estudos de estágio inicial com humanos. Atualmente, Pfizer e BioNTech esperam ampliar a produção global de vacinas para 1,3 bilhão de doses até o final de 2021, dependendo da seleção final da dose de seu teste clínico. Como os ensaios clínicos envolvem a aplicação de uma dose dupla, a primeira parcela poderá imunizar 50 milhões de americanos, podendo chegar a 300 milhões de pessoas caso os EUA adquiram todo o valor previsto no contrato.

As vacinas da Pfizer e Biontech apostam na inoculação de ácido ribonucleico (RNA). No lugar de usar uma proteína do coronavírus, este tipo de imunizante é formado pelo RNA (material genético do vírus) a partir do qual são produzidos os antígenos.

Há 163 vacinas sendo testadas contra a Covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que usam uma variedade de tecnologias estão sendo desenvolvidas em todo o mundo. Ao todo, três se encontram em estágios avançados da fase de testes em humanos.