Pesquisa publicada na revista científica Nature Human Behaviour nesta sexta-feira, 31, aponta que cada infectado transmitia o novo coronavírus (Sars-CoV-2) para mais três pessoas, em média, nos três primeiros meses da epidemia no Brasil.

O número representa a taxa de contágio, que foi estimada em 3.1 pro País - menor que outras avaliações de estudos recentes e um pouco maior em relação outros países gravemente afetados pela covid-19.
França e Itália tiveram taxa de 2.5, Espanha e Reino Unido de 2.6, segundo o estudo. Isso significa que, em média, cada pessoa com o vírus transmitia para outras duas ou três.
O índice mostra quão contagiosa uma doença é. Quando está acima de 1, indica que está fora de controle e tende a se espalhar. Abaixo de 1, demonstra que a epidemia começa a desaparecer.
Os novos casos nos países europeus caíram de forma consistente depois das aplicações de medidas de combate à pandemia, sugerindo que este número caiu para menos que 1. Aqui, a pesquisa aponta que embora tenha havido uma grande queda na transmissão, a taxa continua acima de 1.
“Assim, apenas a mitigação (e não a supressão) da epidemia foi alcançada até o momento, o que tem sido associado a um excesso substancial de mortes devido à falta de assistência médica”, analisa o estudo.
Feito por pesquisadores de várias instituições - Universidade de São Paulo (USP), Oxford e Yale entre elas - o levantamento contextualiza dados demográficos e clínicos do coronavírus no País entre 25 de fevereiro, quando o primeiro caso foi detectado, até 31 de maio.
Maior renda, mais diagnósticos
Os cientistas também observaram que há uma diferença socioeconômica no acesso aos testes para a covid-19. Pessoas de renda mais alta são mais diagnosticados com a doença, enquanto aqueles com renda baixa são identificados com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) sem origem conhecida.
“É provável que muitos casos de SRAG com causa desconhecida sejam causados por Sars-CoV-2”, aponta. A síndrome é uma das principais consequências da infecção pelo vírus.
Apesar de terem feito a descoberta com base em dados da região metropolitana de São Paulo, a pesquisa declara que a análise provavelmente pode ser aplicada a outros estados e regiões do Brasil.
“O número de casos confirmados pode subestimar substancialmente o número de infecções na população em geral, particularmente em regiões de menor nível socioeconômico”, relata o estudo.