Política CPI da Covid

Ex-coordenadora do PNI afirma que Elcio Franco pediu a retirada de presos do grupo prioritário da vacinação

De acordo com Francieli Fantinato, ela se negou a cumprir o pedido do ex-secretário Executivo do Ministério da Saúde
A ex-coordenadora do PNI Francieli Fantinato depõe à CPI da Covid Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
A ex-coordenadora do PNI Francieli Fantinato depõe à CPI da Covid Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

BRASÍLIA - A ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do ministério da Saúde, Francieli Fantinato disse em depoimento à CPI da Covid que o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, pediu a retirada dos presos dos grupos prioritários para vacinação. Ainda segundo Francieli, ela se negou a fazer isso, mas destacou que a Secretaria Executiva estava acima dela e, se quisesse, poderia ter retirado a população privada de liberdade das prioridades na imunização contra a Covid-19. A versão final acabou mantendo esse grupo.

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A servidora, que esteve à frente do Programa Nacional de Imunizações desde 2019, presta depoimento um dia após o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), dar voz de prisão a Dias sob a acusação de mentir aos senadores em relação à acusação de pedir propina no episódio da oferta de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca pela empresa americana Davati. Esta foi a primeira prisão ocorrida durante a CPI da Covid.

O coronel da reserva citado por Francieli foi secretário-executivo do Ministério da Saúde, considerado o número 2 da pasta na gestão de Pazuello. Franco é apontado como o responsável por dar a palavra final nos contratos suspeitos da vacina Covaxin. Há um mês, o ex-secretário-executivo foi nomeado como assessor especial da Casa Civil. Segundo auxiliares palacianos, o militar ficou dedicado a compilar dados e preparar respostas para abastecer representantes do governo convocados pela comissão parlamentar. Ele também atuou diretamente na preparação do ex-ministro Pazuello para responder os questionamentos dos senadores.

O PM Luiz Paulo Dominguetti, que denunciou um pedido de propina por doses da vacina AstraZeneca, disse que se encontrou com Élcio Franco para negociar a venda do imunizante. Ele diz que levou a proposta de venda da vacina a Roberto Dias, o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, Lauricio Monteiro Cruz, e ao secretário-executivo Elcio Franco. De acordo com ele, o encontro com Elcio Franco foi intermediado por Laurício.