BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro decidiu efetivar o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, como titular da pasta. A posse do general está prevista para as 17h desta quarta-feira (16), no Palácio do Planalto.
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Pazuello, que é general do Exército, foi nomeado interino no último dia 3 de junho, há quase três meses e meio, mas assumiu o posto em 15 de maio, no lugar de Nelson Teich. O militar era secretário-executivo do ministério.
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A atuação do ministro no comando da pasta vinha sendo reiteradamente elogiada por Bolsonaro, que dizia reconhecer no subordinado a capacidade de gestão. Ele chegou ao ministério após a demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, em abril, sendo escolhido por Teich para ser seu número 2.
Em maio, Pazuello publicou uma portaria permitindo o uso da cloroquina e hidroxicloroquina para pacientes com sintomas leves. O uso do medicamento passou a ficar sob a responsabilidade do médico, que passou a exigir a concordância do paciente. A elaboração daquele protocolo foi amplamente criticado, visto que o uso do medicamento não tem comprovação científica no tratamento da Covid-19, além de poder acarretar graves efeitos colaterais, incluindo problemas cardíacos.
No mês seguinte, outra polêmica: os boletins com dados de infectados e mortos pela Covid-19 passaram a ser divulgados com atraso pelo governo federal. Pazuello foi acusado de estar omitindo informações e não estar atuando com transparência na crise. Como reação, um consórcio formado pelos veículos de imprensa O GLOBO, Extra, G1, UOL, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo lançaram um boletim atualizado três vezes ao dia, com apuração diretamente nas secretarias estaduais de Saúde.
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O fato de Pazuello ainda estar na ativa das Forças Armadas chegou a ser usado na pressão de parlamentares sobre o presidente Bolsonaro para o ministro fosse substituído. Ele é o único militar nesta condição entre os ministros e, até o momento, não anunciou se irá para a reserva, como defendem militares.
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Em julho, o general foi pivô de uma crise com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que disse que o Exército se associou a um "genocídio" em alusão à condução do governo federal frente à epidemia da Covid-19 . Após intermediação de Bolsonaro, os dois conversaram por telefone para aparar arestas.